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Mediterrâneo x Tropical

  • Tatiane Maria
  • há 3 dias
  • 2 min de leitura

Duas atmosferas, duas maneiras de ver o mundo.


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Nos meus estudos de curadoria visual, uma coisa sempre me chama atenção: como o olhar de um povo é moldado pelo lugar onde ele vive. O Mediterrâneo e o Trópico podem até compartilhar o calor, mas pertencem a universos simbólicos muito diferentes.


O Mediterrâneo — Itália, Grécia, sul da França, antigas regiões do Império Romano — carrega séculos de cultura clássica sedimentada na paisagem.


A luz lá é seca e dramática, revelando cada textura de pedra, terracota e cal. A vegetação é mais contida: oliveiras, ciprestes, arbustos resistentes. Menos exuberância verde, mais superfícies áridas, poeira, sol direto e uma paleta terrosa que parece ter sido desenhada pela história.


É uma região onde a ordem clássica — Roma, Grécia, Bizâncio — moldou não só a arquitetura, mas o próprio senso de proporção, simplicidade e elegância. Por isso o estilo mediterrâneo transmite essa impressão de sobriedade luminosa: tudo é intenso, mas nunca excessivo.


Já o Tropical nasce de um calor diferente: não o calor seco, mas o calor úmido, que faz a vida vegetal explodir em cores, sombras profundas e formas generosas.


As folhas são largas, a luz é filtrada pela umidade, e as cores são mais saturadas. Aqui a natureza é expansiva, abundante, quase barroca por si mesma.


Enquanto o Mediterrâneo parece ter sido esculpido pela tradição e pela luz, o Tropical parece brotar, crescer, transbordar.


Os dois são belos — apenas contam histórias distintas. Um vem da herança clássica e da paisagem árida; o outro, da vitalidade úmida e da exuberância natural. Entender essa diferença ajuda o olhar a notar aquilo que cada ambiente ensina, silenciosamente, sobre sua própria alma.


Para tornar essa diferença visível no cotidiano, usei algumas colagens que montei, contrastando perfumes de duas marcas icônicas:


Granado — fundada no Rio de Janeiro, cheia de cores saturadas, natureza tropical, ornamentos e exuberância quente.
Granado — fundada no Rio de Janeiro, cheia de cores saturadas, natureza tropical, ornamentos e exuberância quente.

Acqua di Parma — italiana, luz dourada, frescor seco, paleta de amarelos solares e notas cítricas clássicas: o Mediterrâneo transformado em perfume.
Acqua di Parma — italiana, luz dourada, frescor seco, paleta de amarelos solares e notas cítricas clássicas: o Mediterrâneo transformado em perfume.

Autora: Tatiane Maria | @oceanodeflor




 
 
 

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