O Vaqueiro é o Herói do Nosso Velho Sertão
- Daniel Lira
- 22 de nov.
- 2 min de leitura
Atualizado: 26 de nov.

O vaqueiro é o herói
Do nosso velho sertão;
Suas vestes são sabidas:
Chapéu de couro e gibão.
Para além de seu sustento,
Ser vaqueiro é sentimento,
Seu trabalho é tradição.
Ele vive de paixão
Nos caminhos da invernada,
Correndo pega de boi
Sempre na roça fechada.
Na vida ele encontra gosto
Quando cai suor no rosto
Ao trazer a vaca achada.
Em lutas de vaquejada,
É sempre mestre-senhor.
Junto do seu companheiro,
Puxa boi no corredor.
Tem derrota e tem vitória,
Mas, guardado na memória,
Está sempre o seu amor.
Ele, claro, sente dor,
Mas é sempre passageira.
Seja na mente ou no corpo,
Tem saudade e tem frieira.
Nos lamentos, honra tudo;
Muitos não têm muito estudo,
Mas tem a fé verdadeira.
No começo da carreira,
Com seu pai junto ao seu lado,
Ensinando a ser astuto,
A ser vaqueiro honrado,
Ele tem a condição,
Em toda situação,
De comprar e vender gado.
Ser um vaqueiro afamado
Não se trata de vaidade;
É por reconhecimento
De sua capacidade.
Um vaqueiro de respeito
Leva a virtude no peito,
Não importa a sua idade.
Ele tem felicidade
Quando, ao caminhar lá fora,
Analisa o seu filhinho
Brincando com sua espora.
“Será vaqueiro ou doutor?”,
Imagina com tremor.
“Ficará ou vai embora?”.
O Nordeste todo chora
Quando um vaqueiro falece.
Seu rebanho abandonado
De tristeza já padece.
Seu trabalho duro e belo
É o muro de um castelo.
O legado permanece.
O vaqueiro tem na prece
Sustento para as ações.
Na rotina da labuta,
Ele encontra tradições.
Enfrentando na batalha
Sol e chuva, ele não falha.
Vive em nossos corações.
Vive muitas emoções
Nos compromissos diários.
Luta com honra e respeito
Ante aos problemas contrários.
Apesar de ter ferida,
Segue firme a sua lida.
Pra cumprir com seus horários.
Fugindo de salafrários,
Orando ele tem firmeza
Pra fugir do ser humano
Com a torta natureza.
Como cobra serpenteia,
Cabra ruim arrodeia
Pra trair sua esperteza.
Quando retine a beleza
De uma dama abençoada,
O vaqueiro confiante
Quer torná-la sua amada,
Mas às vezes o destino
Sobrepõe com desatino.
Coração leva pancada.
No caminho dessa estrada
Em procura da alegria,
Ele tem medo de ver
A caatinga vazia.
Sem vacada no sertão,
Fica sem a profissão,
Que foi seu alento um dia.
Vaqueiro tem rebeldia
Nas trincheiras da campina,
Correndo no tabuleiro
Ou nos braços da menina.
Foi nascido tipo forte,
Não possui medo da morte.
Vive unido à sua sina.
Vem chegando na matina
O sol de trás do espigão,
Que assinala pro vaqueiro
A partida ao mangueirão.
Nos trabalhos nos currais
Ou nas idas aos gerais,
Persiste a sua paixão.
Autor: Daniel Lira




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